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Espiritualidade Contemporânea

Atualizado: 19 de mar.

Ah! Que delícia é essa facilidade! Um clique para lá, outro para cá e de repente estamos conquistando o tão sonhado vestido, hamburguer, panela, fogão, carro, bicicleta, brinquedo, lembrancinha para festa de aniversário de filho… mais tudo que você quiser e imaginar! Sem sair do ar condicionado, sem muvuca no shopping. A sociedade de consumo regozija com o som de um “clique” vindo de um mouse e de meia dúzia de teclas. 


Mas será que isso é mesmo essa delícia toda?


O que aconteceu com a nossa capacidade de decidir o que precisamos mesmo, ou, o que é completamente desnecessário, para atingirmos essa “tal felicidade”, vendida tão cara? 


Me senti  provocada a escrever esse texto sobre a  espiritualidade contemporânea para poder repensar o que esse "clique clique” incessante significa para o nosso caminhar espiritual.


montagem de arte por bell benetti usando canva pro
montagem de arte por bell benetti usando canva pro


Será que o autoconhecimento e desenvolvimento espiritual realmente são medidos com o tanto de instagrams de temática espiritualista que seguimos? Será que nos tornamos oráculos do óbvio e ululante?  Já que a tendência midiática, muitas vezes, nos encaixa em padrões, que nem parte de nossos planos fazem? 


Quantos tarólogos, leitores de registros, reikianos, consteladores e theta healers, você conhece? Essa categoria cresce com força. Pode ser um sinal da, tão falada, transição planetária, mas quais desses realmente estão ocupando seus “sacro ofícios" e quais estão apenas seguindo a nova onda trend do mercado holístico?


Outro dia, fui lembrada duas vezes, pelo meu professor de astrologia, aluno de RA e amigo de outro planeta, Guilherme de Carli, do Nodo Norte astrologia de que  as pessoas tinham que montar num camelo e andar horas, dias, meses, para visitar os oráculos e conhecerem mestres. Em um tempo não muito distante, para nós, seres de alma infinitas. 


Hoje o oráculo tá logo,... aqui, ali, lá, na frente e atrás, em cima e em baixo. Mestres e professores estão a um clique de zoom e livros, manuscritos e textos (alguns especiais, outros raros e outros compostos de muito plágio e "control c e v”) se tornaram pdfs, blogs, posts e carrosséis de instagram. 


O médium sério e o nem tão sério assim, dividem espaços em canais de youtube e podcasts e nós seguimos a observar o caos crescendo, com suas múltiplas linguagens, muitas vezes dissonantes e criando polêmicas, como chamariz, criando ainda mais separação, ao invés, de união e perdão. 


Como tudo possui lado e luz e lado sombra, podemos aqui pensar um pouco sobre os dois lados da moeda. No Lado Luz, a espiritualidade fica cada vez mais acessível e palatável. 


Falamos cada vez mais abertamente sobre nossas intuições e chutamos de lado as catequização de religiões ultra dogmáticas que nos podavam de nosso aspecto espiritual, intuitivo e expansivo  (e seguem podando muitos por ai...) . 


Já no lado sombra. Meus Deuses! 


Parece que a Torre de Babel é aqui. Cada um falando uma língua diferente do outro e todos prometendo um contato mais rápido com essa parcela divina de nós mesmos. 


O problema não é a grande oferta, mas o que está sendo ofertado e por quem. Cuidado com quem promete mundos e fundos sem ter profundidade. 


A espiritualidade cobra minha gente. Cobra dedicação, estudo e disciplina. Sem isso somos apenas santos do pau oco. Superficialidade não traz contorno, não cuida, não cura, não transforma e muito menos transmuta. 


Sem mergulhar não se vai ao fundo. 


Estou aqui lendo registros e estudando insistentemente o mesmo tema desde 2013. Ontem fui dormir lendo sobre a mesma temática e a exaustão tomou conta de mim. 


Por que? 


Porque tem horas que cansa fazer esse trabalho de se colocar como uma eterna estudante para poder continuar ensinando aquilo que ainda estamos descobrindo. Os temas do sutil são assim. Eles não são fixos e enrijecidos. Precisamos estar dispostos a mudar nossa visão o tempo todo, dar 3 passos para trás e repensar aquilo que já nos parece masterizado.


O plano espiritual nos provoca a nos percebermos orgânicos e flexíveis. Se estivermos rijos demais, quebramos no primeiro temporal que bater.


A espiritualidade contemporânea, vem também trazendo a praticidade de inúmeros aplicativos feitos para que com mais alguns cliques gastemos umas moedas, mas tenhamos a facilidade de saber quanto tempo de reiki aplicamos em cada parte do corpo, que lua está no céu, qual a carta da deusa você tirou e muitas coisas a mais, que seriam substituídas por bom relógio de parede, um calendário e uma boa percepção do mundo ao redor e do nosso mundo interior. 

Mas não temos tempo a perder, não é mesmo?


Precisamos que o google nos lembre do solstício de inverno ou do equinócio de primavera, já que não paramos nem para observar o que o mundo natural está nos contando. Precisamos de um aplicativo que diga se a mulher está na feiticeira ou na donzela, porque já não percebemos mais os anseios do nosso corpo e espírito. Os cliques andam tão altos que não escutamos os nossos próprios sinais.


Me pergunto, como será que Wagner Borges aprendeu a sair do corpo, sem um aplicativo?

Como será que Dalai Lama aprendeu a meditar sem um aplicativo ou um coach?

Como será que Chico Xavier foi o que foi sem um canal de youtube?


Alguém pode me clarear como foi que Pamela Colman Smith desenvolveu um dos tarots mais usados do mundo sem o canvas,o notion e nem o trello!???????


A espiritualidade, o ocultismo, o mundo mágico, esotérico e místico não dependem da tecnologia. Ela pode nos ajudar, mas definitivamente não podemos nos tornar única e exclusivamente conectados através dela, dependentes dela. Pois isso ha de ter um rebote. Um risco elevado. 


Risco de nos colocarmos em uma desconexão com o mestre que mais precisamos estar conectados para que possamos escutar e aprender nossos dons espirituais e da matéria, independente de quais forem. Esse mestre é o nosso mestre interior. 


Sem ele, na contemporaneidade, somos apenas, alimentadores de algoritmos sem fim. Tomando decisões impostas a nós por máquinas, sem coração que lucram com a nossa busca, por uma jornada sem camelo a uma eterna sensação de que nunca chegaremos ao destino incerto de uma viagem que deveria ser apenas e simplesmente para dentro.


Por isso, sem mais delongas, convido vocês a refletirem. O que vocês andam buscando fora de vocês que vocês já não tem? Se somos possuidores de uma biblioteca com os compêndios da universalidade e do cosmos, o que falta para que se tornem mestres de si próprios?


Não confundam precisar de assistência, de ajuda e de uma egrégora terrana para auxiliar vocês durante tempo desafiadores, com uma procura constante por validação de suas experiências espirituais.


Sejam pesquisadores de suas próprias almas, mergulhem com amorosidade e curiosidade.


Não se esqueçam que o caminho é sempre, para dentro. Bel Benetti

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