Um jardim simbólico chamado Antheia
- Anna Loureiro
- há 6 dias
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Jardim de Antheia se apresentou como uma proposta da minha amiga e sócia Bel Berkana, para abrir os trabalhos da primavera da nossa Ponte de Sótis. Uma série de programas para o recém-inaugurado canal do Youtube da Ponte, onde eu convidaria mulheres da nossa equipe para conversar sobre a flor escolhida por cada uma delas. “Adorei! Vamos fazer!”, eu concordei, empolgada.
Nós não imaginávamos, no entanto, o que seria o processo de criação desse jardim simbólico, mas extremamente poderoso.
Foram muitos desafios, principalmente internos. Mas eu tenho uma coisa em mim que se chama teimosia e ela, às vezes, se transforma em uma irmã próxima, a resiliência. E essa foi fundamental para que eu conseguisse vencer meus fantasmas e avançar.
A tecnologia me atropelou de cara. Tive dificuldade em acertar a resolução da câmera e da gravação, o que me custou algumas repetições dos primeiros vídeos. Sara Osipi, minha primeira convidada, aceitou regravar o papo comigo em outro dia por conta desses ajustes – obrigada pela disponibilidade, Sara!
Passado esse esforço inicial, o externo se ajustou e fluiu. Mas esse Jardim, que não é exatamente do plano 3D (entendedores entenderão), começou a ganhar vida própria e a manifestar sua força no processo.
Antes e durante as gravações, eu percebia em mim algumas sensações: confiança, respeito, alegria, força, resistência, abertura… Alguns desses sentimentos se desfaziam assim que eu me despedia da convidada e fechava o Zoom. Outros, porém, permaneciam durante um tempo, solicitando que eu pensasse sobre o assunto.
Eu fui entender melhor o que estava acontecendo quando Bel começou a editar os vídeos – eu gosto de falar que ela “embonita” o material de conteúdo da Ponte de Sótis – e notou que a flor escolhida se manifestava de alguma forma nas entrevistas. “Já notou, Anna, que muitas vezes você não conversa com a convidada, mas com a flor que ela trouxe?”
Minha cabeça se abriu e compreendi: o que eu sentia durante o processo estava diretamente ligado à missão energética da flor em questão – conceito que eu trago para ancorar essa série e que explico melhor no segundo vídeo lançado.
Em nossas conversas de bastidores, eu e Bel trocamos percepções sobre como a flor se fazia presente de várias formas. Algumas vezes a convidada era a flor em pessoa. Outras vezes, eu fazia esse papel. Também aconteceu da presença daquela energia estar tanto em mim quanto na mulher à minha frente. Mas sempre a missão da flor se manifestava.

Essa experiência, por si só, já é muito marcante. Mas não foi somente isso o que se desenrolou na construção deste jardim: as flores se fizeram tão presentes, que senti em meu campo a missão de cura de cada uma delas. Não vou entrar em detalhes, mas minha amiga “embonitadora" de vídeos também se percebeu tocada por determinadas “essências florais". E eu gostaria de compartilhar um pouco sobre esse jardim com vocês.
A helicônia me deixou à vontade, confiante, como se eu estivesse inteira para realizar esse processo. No dia da gravação, foi tudo tão fluido, que achei que minha amizade e proximidade com Bel Berkana é que estavam promovendo esse estado. Eu sei que sim, claro, isso faz muita diferença! Mas, olhando de fora, eu consigo perceber a helicônia integrando as muitas versões que essas duas mulheres já partilharam, para trazer essa fluidez completa para o encontro.
A copo de leite chegou antes de eu entrar no Zoom com a Cristina Figueiredo. Fui envolvida por um respeito palpável, uma reverência. Acreditei que fosse somente por conta da admiração que sinto pelo trabalho e pela mulher incrível que é a Cris, mas hoje entendo que a força dessa ancestralidade feminina poderosa, que a copo de leite representa, também esteve muito presente naquela conversa, revelando saberes e nos acolhendo.
Uma flor nada comum e oficialmente descrita por Dr. Edward Bach – criador do pioneiro sistema floral que leva o seu nome – como um potencial de cura, o cerato chegou mostrando a que veio. Foi difícil encontrar conteúdo a seu respeito, além das referências específicas à essência floral de Bach. Enxergar a beleza dessa flor e toda a sua potência, mesmo quando não há muita coisa sobre ela sendo divulgada, é a prova de que a nossa grandeza não está na validação externa, mas sim, em nossa guiança interior. Foi muito impressionante perceber o cerato afirmando sua missão através da amorosidade de Bruna Guerra. A energia de fé e confiança em quem nós somos pode ser sentida no próprio ritmo da troca.
A medicina da rosa damascena começou a se apresentar uns dias antes do meu encontro com Luludy Van Lammeren. Eu percebi uma certa resistência à rosa, quando comecei a estudá-la para o Jardim. Já era um sinal de que, em algum lugar não consciente, eu estava descrente de algo em mim: talvez da força desse trabalho, ou da minha capacidade de conduzi-lo (quem nunca?). A conversa com Luludy me ensinou não só a enxergar a importância de estar completa, mas, principalmente, a de acreditar nessa autossuficiência e a confiar nesse poder inerente em nós.
Eu já tinha uma ligação mais próxima com o dente de leão, bem como com a mulher por trás dele, Manu Sousa. Comecei a estudá-lo para criar e conduzir uma vivência no começo de 2024, a “Deixar ir para florir”. Então, a conversa sobre (ou seria com?) o dente de leão correu com esse ar de proximidade, marcado pela leveza que essa flor traz para a vida. E Manu é o próprio dente de leão, não é necessário esforço para assimilar isso. Olhando esse episódio daqui, eu consigo me perceber viajando longas distâncias, de papo com uma velha amiga, de forma delicada, lúdica, mas com muita potência.

A conversa com Renata Tiemi sobre a gérbera me trouxe no corpo a sensação da alegria provocada pelas cores exuberantes e pela simplicidade desta flor. Observei a felicidade primordial guardada pela criança interior que habita em mim, e que é acionada pelas coisas triviais. Renata fez com que eu atingisse esse estado quando trouxe a similaridade da gérbera com o desenho de uma flor feito por uma criança. Mais uma conversa onde o lúdico vem trazer seu recado, marcando a importância de se levar a vida de forma mais colorida.
Estive com a gardênia duas vezes já que, conforme mencionei no início do texto, precisei regravar o episódio com Sara Osipi por questões tecnológicas. Eu não tive dúvidas de que a gardênia esteve presente, em ambos os encontros. Sara era a própria gardênia incorporada: uma mistura de força e suavidade, como ela própria descreveu a energia dessa flor. Foi impactante ver essa mulher-flor se apresentando, já que eu estava acostumada, em reuniões e cursos Zoom afora com Sara, a vê-la numa atitude mais reservada. Só faltou o perfume!
Carol Rosa escolheu a ylang ylang para a nossa conversa. No dia combinado, precisamos remarcar. E eu reconheço o movimento da flor – que nasce fechadinha e depois se abre como uma dançarina – nesse aguardar a nova data. O transbordar da ylang ylang é algo natural, de dentro para fora. E a expansão se deu no gestual iluminado de Carol e na conversa entusiasmada que se desenrolou, no dia “certo”. Aqui também, uma tecnologia que pudesse transmitir a fragrância da flor seria muito bem-vinda!
Para encerrar a série, eu falei sobre o girassol. Dessa vez, foi Bel Berkana quem me entrevistou. Foi emocionante falar de uma flor que é tão emblemática para mim – nessa e em outras existências –, com a pessoa que representa a medicina do girassol em minha vida hoje. O tapinha nas costas que sinto que o girassol dá, vem sempre junto com o acolhimento de alguém que nos quer muito bem. E esse “Vai, amiga!”, desde o começo do movimento do Jardim de Antheia, foi dado pela minha sunflower, Bel.
Estou muito feliz no que esse jardim se transformou. Eu o vejo como uma farmacinha natural, de transformação energética, onde quem chegar para assistir essas flores vai se beneficiar. E estou feliz também porque pude contar com a disponibilidade e vontade de cada uma dessas mulheres maravilhosas, que aceitaram o chamado de espalhar as suas sementes, sem hesitar!
Fica aqui o convite para você se encantar (e se transformar), também, por esse jardim.
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